terça-feira, 19 de maio de 2009

resenha/"Gran Torino"

Gênero: Drama
Tempo: 117 min.
Lançamento: 20 de Mar, 2009
Classificação: 14 anos
Distribuidora: Warner Bros.
Estrelando: Clint Eastwood, Geraldine Hughes, John Carroll Lynch, Cory Hardrict, Dreama Walker, Brian Haley.
Direção: Clint Eastwood
Produzido por: Clint Eastwood, Bill Gerber, Robert Lorenz
Orçamento estimado: US$35.000.000



Em “Gran Torino”, um Clint Eastwood sútil:ao criticar a família, o preconceito e a segregação de raças nos Estados Unidos

O filme, que estreou aqui no Brasil na terceira sexta de março deste ano, trata da vida de Walt Kowalski (Clint Eastwood), um ex-combatente da Guerra da Coréia (50-53) e funcionário aposentando de uma montadora de carros de Detroit, que acaba de ficar viúvo. Rabugento, ranzinza, mau-humorado são algumas das qualificações desse homem, que agora vive só - apenas com a companhia de sua cadela labradora -, em sua pequena casa em um bairro que sofre processo de “desamericanização”.

A morte de sua mulher faz com que o padre da região, Padre Janovich (Christopher Carley), se aproxime de Walt para convencê-lo a se confessar - o último desejo de sua mulher. Walt, sempre ríspido e arrogante, trata muito mal o padre, mas este não desiste tão fácil, tentando, em pequenas conversas sobre o que é vida e o que é a morte, descobrir os pecados do viúvo. Como se não bastasse esse tormento na vida do ex-montador de carros, ao seu lado mora uma família inteira de imigrantes refugiados do Laos. Esses seus vizinhos não lhe dão sossego: falam alto; discutem o tempo todo em língua desconhecida; vivem em uma tremenda bagunça; e, o pior, invadem a sua propriedade, pisando no seu tão bem cuidado gramado.
Na falta de companhia, aceita a amizade da garota da família, em certa discussão por causa da invasão de seu bem cuidado gramado, e vai percebendo que é muito mais parecido com essa família que vive ao seu lado do que com a sua própria, que mal o visita; e quando o faz, tem a cara de pau de perguntar quais bens irão receber do velho. Uma gangue que quer aliciar o bondoso Tao, irmão da garota, faz Walt ser considerado um herói para a família ao expulsá-los de lá com seu rifle, outrora companheiro de guerra. A partir daí o filme concentra-se nesse dilema: da gangue tentar pegar Tao, e Walt tentar protegê-lo porque sabe que ele é um bom rapaz. Assim vai até o desfecho, surpreendente, épico, por sinal.

Reflexão
Clint, como diretor, nunca produz filmes gratuitamente, apenas para o bel-prazer do público; há sempre algum pensamento, algum valor que ele quer nos passar por trás das criações de seus roteiros. Desta vez , o experiente diretor chama atenção para a estrutura da sociedade norte-americana, que está em tempo de rever seus conceitos, tanto os referentes à sua tradição familiar – que, como se viu no filme, não dá os merecidos cuidados aos mais velhos -, como também a dificuldade de saber lidar com os estrangeiros – principalmente mexicanos,caribenhos,orientais -, que não são poucos no país e não podem ser ignorados.

É ao mesmo tempo engraçado e bonito ver Walt ensinando Tao a ser aquele modelo de homem americano, seja na busca por emprego em uma construção, seja na barbearia ou nas investidas com uma garota. Clint protagonizou um anti-herói (ou um herói decadente, pessimista) para abrir as feridas da sociedade estado-unidense.




Aprovado.

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